terça-feira, 4 de novembro de 2008

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

ALTERIDADE


A alteridade é um termo que vem sendo usado há pouco tempo, mas é uma postura que tem sido aconselhada pelos espíritos de luz, desde a codificação elaborada por Kardec. Entretanto vivenciar o valor da alteridade não significa deixar de discutir, debater, questionar. A discussão, o debate e o questionamento são saudáveis quando se respeita o outro e a sua maneira de ser e de pensar.
A alteridade nos leva a ver todos com bons olhos, lembrando as palavras de Jesus: “Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas.” (Mateus 6:22 e 23)
A pessoa que vivencia a alteridade é mais fraterna em todos os sentidos, deixando de criticar, julgar, agredir... E esse tipo de atitudes deixa o ser em paz consigo mesmo, com a humanidade, com a vida. As posturas de julgamento e crítica geralmente denotam uma idéia de superioridade, porque ao criticarmos o outro estamos querendo diminuí-lo, para que a nossa “grandeza” fique mais visível. Com tais atitudes, que têm como combustível o orgulho e a vaidade, estamos enviando uma vibração negativa ao objeto da nossa crítica, seja ele uma pessoa ou uma instituição.

Desenvolvendo a alteridade, respeitando a maneira de ser dos outros em seus erros, equívocos e até mesmo em suas maldades, consideramos que todos somos seres em diferentes faixas evolutivas.

““Onde houver duas ou mais pessoas reunidas... ali estará o conflito. Cabe a nós aprender a administrar os conflitos interpessoais e isto só será possível se tivermos alteridade.”( Wanderley S. Oliveira)

sábado, 11 de outubro de 2008

A IDADE


Minha mãe fez 80 anos, com saúde, disposição de espírito como alguém que leva a vida como se tivesse 50 anos. Talvez menos, eu digo, principalmente de observarmos quando ela passeia num shopping e derrota fácil outros acompanhantes, que não agüentam andar 10 ou 15 quilômetros que ela anda fácil num lugar desses. Isso é belo de se ver.


Deveríamos começar a eliminar rapidamente em nossa sociedade práticas arcaicas de segregar os mais velhos, como fazemos na família e na sociedade. E isso não só por dever moral, mas por sabedoria social e política, uma vez que agora somos uma sociedade parecida com as européias, com um grande contingente de pessoas “da terceira idade” e com uma crescente “expectativa de vida”.

A sociedade brasileira busca ser mais suave a cada dia. Pode não conseguir, mas ao menos em intenção, esse é o objetivo da nossa legislação social. Principalmente no campo da esquerda, podemos errar aqui e ali na hora de fazermos nossa legislação de apoio social, mas a intenção é a suavização das relações sociais. Então, precisamos urgentemente terminar com as barreiras impostas aos velhos. Além disso, é necessário começarmos a ouvi-los com mais atenção, e buscar neles exatamente o que eles aprenderam, e que nós ainda não aprendemos e queremos aprender, mas que teimamos em errar mais de uma vez por não ouvi-los.

Não se trata apenas de ouvir os mais velhos quando eles são intelectuais e com acesso aos meios de comunicação. Temos de aprender a ouvir e viver com os mais velhos, mesmo quando não foram gênios. O maior dilema do brasileiro é cultural, quanto à velhice. Encostamos nossos velhos. Não os suportamos. Eles “dão trabalho”. Somos heróis da “vida ocupada” aos 30, 40 ou 50 anos. Não temos tempo para gastar com os velhos. Que ignorância a nossa! Não nos passa pela cabeça que estaremos com 80 anos ou mais, e que o pior disso não será o asilo, mas o canto da casa – o lugar que é reservado para os que não podem optar ou, de modo mais grosseiro, os que não devem mais optar e ensinar.

Sempre tive um profundo amor e humildade intelectual diante dos velhos da minha família. Nada seria se não tivesse tido avô e avó perto de mim. Não como substitutos dos pais, que realmente não foram, mas como mestres e interlocutores. Na minha casa, os velhos nunca fora colocados em segundo plano, sempre estiveram na ponta da mesa e sempre deram a última palavra. Ficar velho, em casa, quando éramos uma família grande, não era uma desgraça, mas um privilégio e uma forma de poder assumir o comando com mais autoridade que até então tinha. Assim é, ao menos para mim, na minha casa hoje. Assim é para Fran e eu.

Minha mãe fez 80 anos. Mas é visível que a educação que eu recebi e que, em parte, fez de mim filósofo, não conseguiu vencer as barreiras de uma sociedade onde impera um profundo preconceito contra os velhos. Pois eis minha derrota pessoal: tenho dois filhos (de mulheres diferentes, que foram minhas esposas – as duas com boa formação universitária), e embora educados no sentido de privilegiar os mais velhos, eles não vieram para a reunião feita para a minha mãe, no interior paulista.

Os jovens estão ocupados. Eles acham que estão ocupados. Alguns, nem ligam para nada. Outros até ligam, mas possuem desculpas para si mesmos para faltar numa festinha da avó. 80 anos todo mundo faz todo dia, pensam eles, os tolos. Ah! Que sorte eu tive de não ser como eles.

Cada um de vocês que lê essas linhas, a partir de hoje, aprendam: dos velhos saem as verdades que não temos coragem de contar e ouvir. A verdade é função de liberdade, por isso, sendo os velhos mais livres, com eles está a verdade. A idade os coloca acima de situações de competição e vergonha, e só eles podem nos dizer de fato o que é a vida. Quando não somos capazes de escutá-los por causa de que um quarteirão de distância nos separa deles, somos burros e preguiçosos. Quando não somos capazes de vir ouvi-los porque quilômetros nos separam deles, somos estúpidos e talvez estejamos já cegos para o que é prioridade na vida.

Eu poderia dizer “onde errei na educação dos meus filhos”? Mas não digo. Pois não fui eu quem errou. Eles, os filhos, é que estão errando por eles mesmos. Não nasceram com a minha inteligência. Talvez até sejam inteligentes, mas de uma inteligência que não é do tipo da minha. Na minha opinião, eles são burros.

Uma sociedade como a nossa precisa conseguir mecanismos para quebrar essa visão que envolve os velhos, tornando-os meras peças gastadas do mundo. Precisamos retomar a idéia de que uma sociedade só pode ser uma sociedade de fato quando seus anciãos são não só cuidados, agradados e respeitados, mas quando são ouvidos.

Deveríamos levar mais a sério Platão, quando ele pensou na cidade justa, em A República, como uma sociedade governada por um conselho de sábios que era, antes de tudo, um conselho de anciãos. Não deveríamos tomar isso como fórmula política, deveríamos tomar isso como sugestão ético moral muito além da idéia de governo. Talvez Platão estivesse querendo dizer mais coisas para nós quando assim escreveu. E visto que ele colocou que a filosofia só deveria ser estudada após os 30 anos, justo ele que foi aluno de Sócrates ainda rapaz, deveríamos lê-lo como realmente nos alertando para coisas mais profundas ao indicar a idéia do amadurecimento da idade para cada coisa.

Mas será que os jovens têm ouvidos para ouvir Platão? E nós, de meia idade, temos? autor paulo o filósofo

terça-feira, 30 de setembro de 2008

PARTÍCULA DE DEUS


O

O homem não vai encontrar a “seria possível. O númpartícula de Deus”. E se Higgs ou Hawking vão ver suas teorias e críticas confirmadas ou não pelo acelerador de partículas LHCm isso já não é mais importante – não para a filosofia, ou parte importante desta. Pois seja qual for o resultado de tudo que envolve o LHC, o fato central é que o homem conseguiu dar de cara com Deus a partir do que está acontecendo na Suíça no CERN.

Para filósofos da ciência importa, sim, o que se poderá falar de metodologia de pesquisa e de cosmologia a partir do funcionamento e dos resultados do LHC. Para filósofos da religião e teólogos o LHC talvez interesse para que se possa arrumar argumentos que envolvem teses milenares. Todavia, para filósofos como eu e muitos outros, nós, os pragmatistas rortianos e davidsonianos, o que há de mais importante nesse assunto não é isso. O fato fantástico é que o homem se deparou diretamente com Deus na Suíça, e agora sabe bem qual é o seu rosto. Caso ainda não saiba, precisa saber.

O rosto de Deus que emergiu no experimento da Suiça não está marcado no Santo Sudário. Muito menos está em um plano que nos transcende. E não pertence a altar de nenhuma Igreja, nem mesmo à igreja da ciência. Pois Deus se mostrou no que ele realmente é. Na verdade, o homem não descobriu Deus com esse experimento do LHC, o homem fabricou Deus. Todos sabem quem é Deus agora. Ele é a capacidade de união e organização racional do homem de um modo que nunca imaginamos antes que

ero de pessoas, de computadores, de capacidades racionais, de disposições de coordenação e, enfim, de mobilização de países e de dinheiro para que se pudesse construir e fazer o LHC funcionar é algo nunca visto antes. Aliás, nem mesmo imaginado há menos de duas décadas. O experimento poderia ser imaginável, mas não a organização para realizá-lo.

Que o homem poderia conseguiu reunir muitas pessoas para, sob o chicote, fazer pirâmides, nós já sabíamos. Que o homem poderia reunir equipes de cérebros para chegar à Lua, também já sabíamos. Que o homem, para não perder a liberdade, poderia fazer o esforço que fez ao gerar o Dia D e, assim, colocar fim ao nazismo, também vimos. Foram feitos grandiosos. Mas nenhum desses feitos demandou a capacidade de organização e cooperação que se precisou para o LHC, colocando cérebros, dinheiro, capacidades racionais e disposições, tudo isso em um volume inaudito, para funcionar segundo a precisão de um relógio, e isso por um tempo longo - pois os experimento apenas começou. E nunca se fez tamanho trabalho de cooperação tendo no horizonte um objetivo puramente teórico. O homem precisa perceber que, enquanto o LHC estiver funcionando, ele terá consubstanciado Deus por meio da organização cooperativa que demonstra.

Daqui para frente, qualquer dificuldade que o homem vier a ter na Terra, ainda que ele erre mil vezes para solucioná-la, ele saberá que pode solucioná-la. Pois nenhuma dificuldade pode ser maior que essa capacidade de organização e cooperação que o homem mostrou possuir com tudo que envolveu e virá a envolver o LHC lá na Suíça.

Não importa aqui se tudo isso foi ou não gerado para, em uma segunda instância, termos um novo desenvolvimento industrial. Não importa aqui se quem investiu vai querer retorno. Isso é o natural de nossa vida. O que importa é que durante 14 anos o homem sonhou que poderia criar uma rede de organização fantástica, com todos os elos concatenados, para investigar o mundo microfísico, ou seja, para simplesmente satisfazer uma curiosidade intelectual. E o mais fantástico ainda: essa coordenação de esforços se concretizou e deu certo. Não houve nada no mundo até hoje, em condições de liberdade, que tenha sido similar a tal tipo de esforço coordenativo, e com um belo objetivo, se podemos dizer isso e, assim, nos regozijar por sermos ainda iluministas. Deus é essa capacidade de cooperação do homem. O homem fez Deus neste início de setembro de 2008. Não podemos nos esquecer disso.

O que importa, portanto, é isto: todas as vezes que o homem tiver algum problema que possa ferir a humanidade em qualquer de seus elos mais fracos, estará no horizonte escrito o seguinte: isto não precisava ocorrer, e se ocorreu, pode ter seu sofrimento bem diminuído, basta chamar Deus, ou seja, basta evocar nossa capacidade de cooperação de modo racional e em favor de razão.

Fome, guerras e arrumações políticas que mais desarrumam continuarão a ser produzidas. Mas elas deverão trazer mais e mais indignação a partir de agora, pois sabemos que nossa capacidade de trabalhar conjuntamente em um projeto que depende de resultados precisos, com decisões coordenadas por muita gente mesmo, é algo que temos condição de fazer. Sempre poderemos dizer: ah, estamos passando por tal dificuldade por uma razão simples, para esse problema não quisemos botar Deus para funcionar, não quisemos incomodá-lo.

Paulo Ghiraldelli Jr. Filósofo, www.filosofia.pro.br

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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Aristóteles no planalto

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O que pensaria o célebre filósofo grego da Antigüidade diante do sistema político do Brasil contemporâneo? Reconheceria nele as idéias igualitárias da democracia ateniense?
por Edison Nunes
Aristóteles, óleo sobre tela, Francesco Hayes, 1811, Galeria da Academia, Veneza
Aristóteles: o governo atual seria uma mistura de democracia e oligarquia
Não sei se foi por antiga magia ou tecnologia secreta que Aristóteles veio a dar em Brasília. Queria conhecer nossa Constituição, dizendo ser hábito seu empedernido. Encontrei-o por azar; expliquei lhe o básico, alguma bibliografia. E recolhi alguns de seus comentários.

Para ele o nosso sistema político não poderia ser chamado de “democracia” e, de fato, não o é, tecnicamente falando. A palavra designa somente regimes nos quais o povo detém o poder soberano; exercendo-o diretamente em assembléia, sem que tal poder conheça qualquer limite ou contrapeso institucional. Significa literalmente o “poder popular” e sua realização pressupõe a maior igualdade possível de todos perante a lei (isonomia) e quanto ao direito de participar da decisões públicas mediante a fala (isegoria). Tal igualdade fundamental torna impossível a representação política já que esta pressupõe a separação prática e formal entre representantes e representados, entre dirigentes e dirigidos. Assim, qualquer processo de escolha de magistrados, como votação ou concurso de provas e títulos, não é democrática pois toma os indivíduos pelas suas diferenças, ranqueando-os em melhores e piores. Por isso mesmo, a eleição popular de um presidente ou deputado; a de um juiz concursado, configurar-se-iam aristocráticas (de aristói – os melhores). O único método realmente democrático de seleção, quando não se pode decidir diretamente em assembléia, é o sorteio. Só aí não há discriminação de mérito, preservando-se a igualdade.
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Edison Nunes é professor do Departamento de Política da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e do Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP.

INTRODUÇÃO A FILOSOFIA

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

O ÓDIO CONTRA O ÍNDIO


A indisposição das pessoas em relação às mulheres pode acabar completamente um dia. A mulher é mulher. O preconceito contra o negro pode diminuir. O negro é negro. Mulheres e negros tem feito um esforço grande no sentido de, sendo mulheres e negros, serem aceitos no grupo dos “humanos”. Em algumas democracias ocidentais esses dois grupos, nos últimos anos, têm conseguido forjar equipes de pressão e influenciar política e juridicamente as sociedades em que vivem, a fim de serem tratados de um modo mais igualitário.

Esses dois grupos contam com uma vantagem sobre outro grupo que também luta por direitos, o dos índios. Em cada país em que vivem, mulheres e negros tem conseguido se mostrar antes oriundos deste país que propriamente mulheres e negros. Assim, os negros americanos conseguiram se mostrar antes americanos que negros, o mesmo ocorrendo com as mulheres. No Brasil e em outros países isso também tem ocorrido. Isso dá vitórias. Mas este não é o caso do índio. Por mais paradoxal que seja ele não tem conseguido se mostrar brasileiro!

Se você conversar com uma pessoa qualquer na rua, nas grandes capitais, verá facilmente o quanto é difícil para as pessoas entenderem que o índio é antes brasileiro que índio. Diferentemente do negro e da mulher, ele mantém um sotaque, um modo de vestir e um aspecto físico que nós, os que se acham mais descendentes do colonizador ou do imigrante europeu (ou asiático), não conseguimos compreender. A mulher colocou um terninho. O negro colocou gravata. Ambos falam a língua que nós todos falamos. Mas o índio parece insistir em ser diferente. Como ele não seria? E alguns conservadores acreditam que, por conta da “proteção do Estado”, ele tem privilégios. Então, tudo se torna mais difícil. Tudo é mais complicado para o índio, pois ele tem um estigma que a mulher e negro não possuem: ele é tomado como ridículo.

A mulher era vista como burra. E se era inteligente, era puta. O negro era visto como indolente, e se começava a querer fazer as coisas, era tomado como malandro ou ladrão. Isso tudo ainda está presente na nossa sociedade, pois a nossa maneira de conversar não se alterou de modo suficiente para darmos passos para fora desse círculo cruel. Mas, pior do que burro, puta, vadio ou malandro é o estigma de ridículo. O índio é ridículo – é assim que ele é assumido como índio por uma boa parte de nossa sociedade. E caso ele tente não ser ridículo, ele é tomado como falso índio. Ele tem de andar de tanga e cocar na rua, e jamais saber falar o português. Caso ele vista uma calça jeans e tente falar o português, então já fica um pouco mais difícil de ser chamado de ridículo; e se ele não pode mais ser ridículo, eis que se torna vítima do ódio. Todo aquele ódio que há pouco tempo a direita política tinha para com as mulheres inteligentes e os negros orgulhosos, agora se volta contra o índio.

Alguns imaginam que isso é devido ao fato do índio estar lutando por terras que outros querem. Trata-se de uma luta por riqueza. Há sim esse componente. Mas a luta mais profunda ainda é a luta da visão do colonizador, a visão do capitão do mato, contra a visão do colonizado, contra a visão do indígena, os primeiros brasileiros.

Raposa Serra Dourada é um caso. Talvez uma pessoa como Denis Rosenfield, que ilegitimamente usa o título de filósofo – para azar nosso –, realmente fale o que fala apenas para defender a riqueza dos poderosos. Afinal, os intelectuais da academia, não raro, sobrevivem nela emprestando sua pena aos grupos de poder na situação ou de poder na oposição. Isso vai passar. Um dia Rosenfield se aposentará e arrastará chinelos de modo solitário pela sua casa, e nenhum dos fazendeiros que hoje ele apóia se lembrará dele. Outro ocupará a cátedra seqüestrada por herdeiros de Mussolini. O problema não é esse. O problema é que quando ele se aposentar, ainda os vocabulários do colonizador e do capitão do mato poderão ser tudo que conhecemos para falar do índio.

O que isso significa em termos históricos e humanos? Só uma coisa: a vitória da crueldade. A vitória da má vontade. A permanência da vida não generosa.

Uma coisa que precisamos aprender sobre o convívio humano é que, não raro, as questões nossas não poderiam se deixar contaminar tanto pela disputa política e ideológica quanto se contaminam. Nós, filósofos – os que não abdicaram da filosofia –, deveríamos perceber que o ódio da direita política contra minorias e, no caso, contra índios, não é um ódio da direita política enquanto facção política. É um ódio que extrapola isso. É um ódio que pode estar no coração de pessoas que não se identificam com a direita política. A direita política, como o caso de Denis Rosenfield, faz o papel de trombone – faz barulho. Mas o problema não é o barulho. O problema, no caso, é o silêncio.

Os silenciosos é que são os mandatários do mal. Pois os silenciosos são os que falam no cotidiano, ou seja, os que sussurram. Os que sussurram são os que levantam a voz em filas públicas. Sabe aquele velhinho aposentado que está marginalizado, e que na fila do banco brada contra toda política generosa e, então, aproveita para dizer que “índio não existe, que vão ganhar terra do governo que é maior do que um país” etc. Sabe esse tipo? Ele é o Rosenfield fora da universidade. Ele não leu os livros que o Rosenfield leu sobre Descartes. Mas eles, apesar de tudo, pensam de modo igual. Eles sentem de maneira igual. Eles empurram outros para a má vontade, para a política sem generosidade e, pior, eles fecham junto deles um anel, o anel que engloba também o jovem fascista, todo aquele que não consegue perceber que é arauto da crueldade.

O jovem rico que atira uma garrafa do seu conversível em um travesti na rua. O jovem pobre que se junta em bando para bater e até matar o outro que “é do bando de lá”. O jovem de classe média que fez medicina, mas que atende primeiro os brancos na fila. O jovem pobre que consome droga e que ataca a mãe desesperada que quer vê-lo fora daquele caminho. O jovem rico que molesta a empregada doméstica. O jovem pobre que bate na irmã porque ela engravidou. O jovem rico que ateia fogo no índio e diz que “pensava que era mendigo”. Eles são os que Denis Rosenfield alimenta. Por isso, quando Denis estiver de chinelos, aposentado em sua casa, ele não receberá a visita de ninguém da UDR, que ele defendeu. Pois os homens da UDR já terão arrumado outro para fazer vingar o ódio. E não irão dar bola para quem “só criou confusão”.

Felizmente, esses homens não vão dizer que eles contaram com um filósofo. Eles não vão se lembrar disso. Eles ainda manterão a idéia de que o filósofo autêntico não estaria do lado deles. E nisso, terão feito o único juízo certo de suas vidas.

Paulo Ghiraldelli Jr., filósofo

sábado, 9 de agosto de 2008

O COMÉRCIO POLÍTICO


NOVAMENTE COMEÇA A FEIRA DOS VOTOS NO BRASIL COMO SEMPRE O POVO SEM ESCLARECIMENTO VAI ELEGER OS MESMO DE SEMPRE O VELHO CURRAL ELEITORAL CONTINUA, RESTA SABER SE COM O ADVENTO DA FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO DAQUI A ALGUM TEMPO VEREMOS O JOVENS TEREM UM PAPEL MAIS ATIVO NESSA VERDADEIRA IMORALIDADE E SOFISMOS QUE É A POLÍTICA BRASILEIRA.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

abrindo os olhos !


No momento em que você se aprofunda em estudos filosofícos um novo olhar das coisas se abre e vemos o quando somos bobos e ingênuos em certos assuntos da vida abra o olho!

quinta-feira, 22 de maio de 2008

ALMA SUJA


EM UM MUNDO DE APARÊNCIAS A ALMA NÃO IMPORTA !

sexta-feira, 9 de maio de 2008

A FILOSOFIA DO FALTA ALGUÉM


RETONAREMOS A POSTAR COM MAIS ASSIDUIDADE AGUARDE

NA FOTO UMA SOLITÁRIA FORMIGA
QUE DEVE TER UMA VISÃO DE VIDA COMPLETAMENTE ESTRANHA PARA NÓS RACIONAIS?

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Vida sem noção


que bobagem ter preocupações tudo acaba mesmo?
momento pessimista

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

CUIDE DA ALMA!


A alma, imortal, indestrutível e sempre renascida, razão moral, espiríto pensante e sede da consciência, é a manifestação do divino no homem, guiado por ela para examinar com atenção e cautela o que ocorre a sua volta, separando o que realmente lhe diz respeito daquilo que é superficial, banal, desprezível. Cuidar da alma, missão suprema e indelegável do homem, é cuidar de si. O cuidado de si implica em estar em confluência com o mundo, mas ao mesmo tempo protegido das tentações que pertubam a intimidade, buscando-se na solidão serena, e não na opinião dos outros, a resposta para as dúvidas e a libertação das incertezas.
Cuidar de si não é isolar-se no egoísmo e na solidão, mas preocupar-se com os desvalidos, fazendo o possível para amenizar seu infortúnio, é respeitar a cidade onde vive, como se fosse sua própria casa.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

NATUREZA X SER HUMANO


No princípio as relações do homem com a natureza eram divinas. Haviam deuses em tudo. Deus do sol, da luz, da chuva, do rio, do vento, da árvore, da pedra, do mar, do sonho... e de tudo o mais que os olhos e a imaginação pudesse alcançar. Nessa época, destruir uma árvore, por exemplo, significava desafiar um deus. Para cortá-la, era preciso ter uma justificativa muito convicente. Afinal deuses não perdoam. A ação exigia um ritual mágico e um compromisso de sobrevivência- montar uma casa, fazer um barco- para que a vingança divina não se estabelecesse.
O homem "evoluiu". Arrancou os deuses da natureza e estabeleceu um deus semelhante a si. Um deus humano, cheio de poderes absolutos. A partir de então a natureza começou a perder o status de "mãe" da vida. O homem passou a destrui-la como se ele próprio fosse divino e sujeito de toda a ação. A busca pelo poder, dinheiro e luxúria desconectaram a espécie humana do ambiente natural. O resultado disso está diariamente em todos os jornais e reportagens de TVs: queimadas, secas, inundações e poluição. A natureza cobra o troco pelo desafio humano.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Feliz?


É a fragilidade do homen que o faz ser sociável; são nossas misérias comuns aquelas que enclinam nossos corações à humanidade; se não fôssemos homens, não deveríamos nada. Todo apego é um signo de insuficiência: se cada um de nós não tivesse necessidade alguma dos demais, nem sequer pensaria em unir-se a eles. Um ser verdadeiramente feliz é um ser solitário: somente Deus goza de uma felicidade absoluta; mas quem de nós tem a idéia de coisa semelhante? se alguém imperfeito pudesse bastar-se a si mesmo, do que gozaria segundo nós? Estaria só, seria infeliz. Eu não concebo que quem não tem necessidade de nada possa amar algo: e não concebo que quem não ame nada possa ser feliz.